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Urgência do CHAlgarve: iniciativa de internos deu «ferramentas a quem está a começar»

Nas últimas semanas realizou-se, em Faro e Portimão, a 1.ª edição do Curso de Urgência do Centro Hospitalar do Algarve (CHAlgarve), tendo a adesão "excedido todas as expetativas", afirma Filipa Rafael, membro da Comissão Organizadora. Em entrevista à Just News, explica a importância desta formação para os jovens internos e adianta projetos que a Comissão de Internos do CHAlgarve tem previsto realizar.


O curso, que decorreu em janeiro em Faro e em fevereiro na cidade de Portimão, foi promovido pela Comissão de Internos do CHAlgarve, em parceria com o Núcleo de Formação e Investigação Médica (NFIM) do CHAlgarve.



Partilha de experiências sobre a "batalha diária" na urgência

Segundo Filipa Rafael, a decisão de desenvolver esta iniciativa surgiu devido à vontade de ajudar a "preparar médicos internos do ano comum e dos primeiros anos da formação especifica para a realidade das urgências do nosso centro hospitalar". A ação envolveu médicos internos da formação especifica mais velhos, que disponibilizaram o seu tempo, "num ´passar de pasta` de quem recentemente passou pela experiência das longas horas detrás dos balcões de urgência".

Já Mourão Carvalho, igualmente da Comissão de Internos do CHAlgarve, acrescenta que a ideia de realizar o 1.º Curso de Urgência "surgiu da experiência de viver na primeira pessoa a batalha diária no serviço de urgência, repleto de carências e dificuldades, tentando sempre fazer o melhor pelos doentes", e deixa o desabafo: "e conseguimos... acabadinhos de sair da Universidade".

Salienta ainda à Just News que "a ajuda dos colegas mais experientes é a nossa bóia de salvação" e que o curso apenas materializa de forma mais estruturada "aquilo que já acontecia ao longo dos tempos".



Fármacos na gravidez 

Do programa, e entre vários temas mais habituais, foram também debatidas questões relacionadas com os fármacos na gravidez. A intervenção, a cargo de Filipa Rafael, é explicada pela própria: "Geralmente, neste género de cursos, não se incluem temas de obstetrícia, pois são, regra geral, urgências separadas. No entanto, resolvemos incluir, pois deparámo-nos com essa necessidade." 


Filipa Rafael.

De acordo com a médica interna, "medicar uma grávida, mesmo numa patologia frequente como uma amigdalite, pode suscitar algumas dúvidas a quem não tem por hábito medicar grávidas, e não são poucas as vezes em que a urgência de obstetrícia responde a chamadas com dúvidas de colegas".

Por outro lado, indica que esta palestra teve igualmente outro propósito: "desmistificar o conceito de que nem todas as grávidas na urgência têm que ser vistas por um obstetra. Já aconteceu transferirem-se mulheres para o bloco de partos com gripes, alergias, unhas encravadas, entorses... só por estarem grávidas".

E sublinha: "a urgência de obstetrícia é exactamente isso... uma urgência. E por isso deve evitar-se o excesso de consultas que têm como base a ideia de que, ´já agora que fui à urgência, vou à obstetrícia ver se está tudo bem`".




"Dar ferramentas a quem está a começar"


O curso foi lecionado pelos médicos internos da formação especifica mais velhos. Questionada sobre de que forma o facto de recentemente terem passado pela experiência dos balcões de urgência pode ser importante na partilha de conhecimentos, Teresa Ferreira, do Núcleo de Formação e Investigação Médica, explica:

"A escolha de os formadores serem os internos mais velhos é uma forma de maior proximidade entre o IAC e o formador. E como a experiência na urgência está em ´fase de maturação`, sabemos quais as reais dificuldades que um recém saído do faculdade vai encontrar."


Na sua opinião, "é só no serviço de urgência que percebemos que a teoria que aprendemos nem sempre se aplica de igual forma, assim como as mil coisas que fazemos ao mesmo tempo quando aprendemos passo a passo. E com este curso tentou-se dar umas ferramentas a quem está a começar."


Teresa Ferreira e Mourão Carvalho.

Conteúdos ajustados a cada realidade

Os conteúdos dos programas dos cursos de Faro e Portimão não foram idênticos. Questionado sobre o motivo porque se deu mais destaque à Pediatria em Faro, João de Sousa Bispo, membro do Núcleo de Formação e Investigação Médica, afirma que "a existência de um Módulo Pediátrico em Faro prendeu-se com necessidades que o próprio serviço de Pediatria reconheceu existirem, no sentido de completar a formação dos internos nessa área".

Assim, em Portimão não se realizou o módulo, "porque está a ser organizado lá um outro curso independente, organizado pela Pediatria, pelo que se tornaria redundante". Quanto aos restantes temas, "pretendeu-se que o programa fosse o mais sobreponível e completo possível".


João de Sousa Bispo.

Outra diferença considerada significativa por João de Sousa Bispo prende-se com a intensidade do curso: "Enquanto que em Faro optou-se por fazer o curso uma tarde por semana, durante 5 semanas, em Portimão o curso foi realizado de forma intensiva durante 3 dias, que incluiram manha e tarde. Esta diferença foi feita de forma deliberada, e foi sob forma de experiência, para podermos recolher dados de satisfação dos dois modelos, e verificar qual a forma de ensino mais eficaz e a adoptar em edições futuras."



Quanto à adesão dos jovens médicos à 1.ª edição do curso, partilha a ideia de que "excedeu todas as expectativas", afirmando que, em Faro, "tivemos inclusivamente de alargar o número de lugares disponíveis no auditório, para conseguir suportar todas as inscrições".

O feedback recebido permite-lhe concluir que muitos internos manifestaram satisfação com a realização do curso, "pois reconhecem que foram abordados muitos problemas com que eles se deparam diariamente nas urgências, mas também nos internamentos". 



Novas ações de formação e iniciativas


Relativamente a projetos futuros dinamizados pela atual Comissão de Internos, Filipa Rafael adianta que, neste momento, a equipa está a trabalhar em várias ideias e com vários grupos, estando para para breve "um Curso de Eventos Críticos a realizar-se no centro de simulação do DCBM, em conjunto com o Algarve Biomedical Center".

Acrescenta ainda que, em junho, será celebrado o Dia do Interno, "um este evento que será realizado em conjunto com o internato médico e que prometemos que irá juntar a ciência à cultura". Relativamente a outros projetos, estão a desenvolver-se, "encontrando-se em fase embrionária", mas assegura que irão incluir "muitas especialidades, incluindo participantes que vêm do estrangeiro".

Podem ser consultadas na Galeria de imagens da Just News mais fotos do Curso.




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