Retinopatia diabética: ARS de Lisboa e Vale do Tejo quer alargar programa de rastreio anual
A retinopatia diabética é uma das principais comorbilidades da diabetes mellitus e pode levar à cegueira. Face à dificuldade que se tem sentido em que os doentes realizem o rastreio anualmente, previsto nas guidelines internacionais, a Administração Regional da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) iniciou, em fevereiro, o rastreio da retinopatia diabética de base populacional. A iniciativa engloba quatro ACES: Estuário do Tejo (16 mil diabéticos), Lisboa Ocidental e Oeiras (15 mil), Lisboa Norte (15 mil) e Lisboa Central (17 mil).
O objetivo, segundo a ARSLVT, é alargar o projeto a mais quatro ACES, até ao final de 2016, concretamente, os de Sintra, Loures-Odivelas, Amadora e Cascais. Na prática, pretende-se alargar a cobertura a mais de 58 mil pessoas com diabetes. No total, na região de Lisboa e Vale do Tejo, prevê-se conseguir rastrear este ano 118 mil utentes com diabetes, o que corresponde a metade dos que estão inscritos nas unidades de CSP.
No ACES Estuário do Tejo, o rastreio teve início no concelho de Arruda dos Vinhos (USF Arruda, UCSP de Arruda dos Vinhos e de Arranhó) e, ao longo de 2016, vai abranger os restantes concelhos que integram o ACES -- Alenquer, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira --, envolvendo todas as unidades de saúde.
Em Lisboa Ocidental e Oeiras, o programa de rastreio iniciou-se na UCSP de Oeiras e abrange também a UCSP Linda-a-Velha e a USF Descobertas. No ACES Lisboa Norte, arrancou na UCSP Sete Rios. Quanto ao ACES Lisboa Central, teve início na UCSP Alameda.
Segundo a ARSLVT, que tem vários parceiros neste projeto, como as autarquias e a Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa, “esta nova resposta a nível dos CSP vai facilitar a acessibilidade dos utentes a uma consulta hospitalar para a realização de tratamentos”.
De relembrar que a ARS já havia assinado um protocolo com a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), o que garante o acesso ao rastreio em sete outros ACES: Almada-Seixal, Arco Ribeirinho, Arrábida, Lezíria, Médio Tejo, Oeste Norte e Oeste Sul.
Sensibilizar para a importância do rastreio
Para a coordenadora da UCSP Sete Rios, Clara Pais, o projeto permite também “racionalizar o afluxo a consultas de Oftalmologia apenas para a realização do rastreio”, combatendo assim as listas de espera, que têm contribuído grandemente para impedir que os doentes o realizem com a desejável periodicidade anual.
Clara Pais reconhece que a aplicação do Programa de Rastreio da Retinopatia Diabética constitui, de facto, “uma mais-valia, até porque este tipo de ações pode ser feito nos CSP, referenciando-se apenas os casos de retinopatia diabética ou situações que impedem a leitura da retinografia, como no caso das cataratas ou do glaucoma”.
Na UCSP Sete Rios, o afluxo de doentes não é, para já, o que se poderia esperar, o que, em parte, terá explicação no facto de utentes com mais capacidade financeira ou detentores de seguro de saúde estarem já a ser seguidos no setor privado.
Tendo em atenção, nomeadamente, que há pessoas com alguma idade que têm dificuldade em deslocar-se à UCSP Sete Rios, por falta de transportes, “estamos a pensar, no final do ano, alargar o rastreio à nossa unidade da Charneca, por estar localizada numa zona sem acesso ao metropolitano”. De qualquer forma, “neste momento, as pessoas com diabetes podem fazer o seu rastreio anual, sem problemas”, garante Clara Pais.
Mas será que todas as pessoas com diabetes são elegíveis para o rastreio? Clara Pais responde que não. “Todos os anos, uma plataforma vai identificar, via SClinic, os utentes com diabetes de cada ACES e depois o médico selecionará quem reúne condições para fazer a retinografia.”
A reportagem completa pode ser lida na edição de setembro do Jornal Médico.