«Os médicos têm de saber habituar-se à morte e dar conforto e dignidade ao doente»

“A morte faz parte da vida, mas, fruto da evolução tecnológica e, em grande parte, de se considerar que o médico é omnipotente, é encarada por este como uma derrota, como algo que tem de evitar a todo o custo.” A afirmação é do internista Vítor Paixão Dias e surge no âmbito do V Encontro de Medicina Interna de Gaia e Espinho.

A questão dos “Cuidados de fim de vida” foi abordada na sessão inaugural do evento organizado pela Associação dos Médicos Internistas de Gaia, que teve lugar o mês passado, em Espinho, e foi subordinada ao tema "Medicina Interna: Múltiplas faces, uma medicina".

Em declarações à Just News, Vítor Paixão Dias, diretor do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) e presidente do Encontro, acrescenta: “Por vezes, a morte é apenas o processo natural e os médicos têm de saber habituar-se a ela e dar conforto e dignidade ao doente.”


Organização do Encontro: Pedro Caiano Gil (tesoureiro), Vítor Paixão Dias (presidente) e Ana Rita Barbosa (secretária-geral)

Doente crónico complexo: "equilibrar todas as situações"

O internista realça também a conferência de encerramento, que incidiu sobre o doente crónico complexo, afirmando: “O doente não é apenas uma doença, agregando em si, geralmente, várias patologias e fragilidades associadas à sua condição.”

No seu entender, as especialidades generalistas, nomeadamente a Medicina Interna e a Medicina Geral e Familiar, são aquelas que estão em melhores condições para fazer um diagnóstico de todos os problemas do doente e tentar equilibrar todas essas situações.



Referindo-se ao tema central do evento, Vítor Paixão Dias sublinha que “a Medicina Interna está presente em várias áreas, mas é apenas uma medicina. Esta especialidade aborda o doente sempre na sua globalidade, esteja onde estiver, seja no internamento, na consulta externa, nos cuidados paliativos ou noutro local”.

“Há múltiplas faces de intervenção e da situação do doente, mas a maneira como se aborda é apenas uma,” conclui.

Em discussão estiveram temáticas como “O internista na consulta – Risco vascular em populações especiais, “O internista na enfermaria - infeção hospitalar” e “O internista em articulação com MGF pós-evento agudo”.



Um evento regional "de referência"

O Encontro, que se destina sobretudo a internos e especialistas de Medicina Interna e de Medicina Geral e Familiar, mas também a profissionais de outras classes, como enfermeiros, contou com cerca de 250 participantes, provenientes, na sua grande maioria, da sub-região de Entre o Douro e Vouga.

“Não temos a ambição de tornar o Encontro de Medicina Interna de Gaia e Espinho um evento nacional. O nosso objetivo é que seja um evento de referência na nossa região”, menciona.

Homenagem a Merlinde Madureira

No evento, houve espaço para uma homenagem à internista Merlinde Madureira, que trabalha no Serviço de Medicina Interna do CHVNG/E há mais de 25 anos e que, segundo Vítor Paixão Dias, tem uma vida de dedicação à Medicina e à causa pública.



“Esta simples homenagem é de inteira justiça. Homenageamos a mulher, a mãe, a sindicalista, a colega sempre atenta aos problemas do Serviço e sempre disponível para ajudar a resolvê-los, o ser humano de grande coração, cheia da tenacidade e resiliência, de Trás-os-Montes, de onde é oriunda”, refere.



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