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NEDAI prepara formação em doenças autoimunes dirigida à MGF

A falta de formação básica em doenças autoimunes, nas faculdades e mesmo nos internatos, aliada à dificuldade natural em descodificar sintomas muitas vezes enganadores, levou o Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), coordenado por António Marinho, a criar um programa de formação destinado aos cuidados de saúde primários.

António Marinho, especialista de Medicina Interna e coordenador do NEDAI, revela que o programa de formação básica vai arrancar no primeiro trimestre do próximo ano, ao abrigo de um projeto-piloto que está a ser negociado entre aquele Núcleo e os agrupamentos de centros de saúde (ACES) do Porto. Depois, o programa será “afinado”, para que se estenda a todo o país.

“As doenças autoimunes são uma área rara na formação médica. Mesmo nos internatos, é muito pouco focada. Daí que a MGF, tal como outras especialidades, tenha dificuldade em identificar e encaminhar os doentes no momento correto”, refere António Marinho. A formação surge assim como uma ferramenta para colmatar esta falha, ajudando os médicos de família a descodificar sinais e sintomas e a escolher de forma correta os exames de alarme e o timing para o encaminhamento de doentes.

A logística necessária para garantir a formação está assegurada, tanto mais que o projeto suscitou “muito interesse” por parte dos CSP. Falta apenas finalizar as negociações para contratualizar a parceria, que tem que ser validada pelos responsáveis dos ACES.



A segunda fase desta parceria – garantir  parte do seguimento dos doentes na MGF – já é mais complexa e não tem data marcada para implementação no terreno. Passará, obrigatoriamente, por criar condições que permitam aos médicos de família atuar neste âmbito. “Não há um protocolo montado com a MGF para definir, por exemplo, como e quando devem fazer as análises, ou em que altura devem acertar a medicação. Isso vai ser mais difícil de implementar. Eu já ficaria satisfeito com a primeira fase, em 2016, por forma a sedimentar algum trabalho”, admite o coordenador.

Para António Marinho, “há muitos doentes que podem ser monitorizados nos centros de saúde”, de forma a garantir que as consultas hospitalares não fiquem totalmente lotadas, impedindo o fluxo normal de pacientes.

“Há um problema sério com que todas as unidades que têm doentes com patologias autoimunes se confrontam: confirmando-se o diagnóstico, o doente entra e não volta a sair. Com uma
porta através da qual se entra e não se sai, alguma coisa fica acumulada e essa situação tem que ser melhor gerida”, explica.

MGF: “uma janela que se abre”

“Veja-se, por exemplo, a artrite reumatoide, que é uma doença que toca pelo menos duas especialidades, a Medicina Interna e a Reumatologia. Muitos doentes em manutenção deslocam-se ao hospital para fazer análises periódicas. Podiam fazê-las nos CSP”, frisa, acrescentando que, havendo qualquer alteração no estado do doente, este seria encaminhado rapidamente pelo médico de família, até por telefone ou e-mail.

A MGF não seria exatamente uma porta de saída, mas poderia assumir-se como “uma janela que se abre”. O coordenador do NEDAI sublinha ainda que a monitorização das patologias já diagnosticadas nos centros de saúde seria mais vantajosa para os doentes e mais barata para o Estado. E deixa um último alerta: “Se do outro lado da porta não se conseguir uma maior agilização, vamos deixar de ter espaço para receber doentes em tempo útil.”






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