Internistas na vanguarda do controlo da infeção e na prescrição antimicrobiana

“A infeção hospitalar tem um impacto muito grande na qualidade do desempenho dos hospitais", afirma Júlio Oliveira, o médico de Medicina Interna que coordena, desde 2016, a Comissão de Controlo de Infeção do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP).

De acordo com o internista, "acredita-se que cerca de 20% das infeções adquiridas no hospital poderiam ser evitáveis”, sublinhando que, neste momento, "a infeção hospitalar é o erro evitável mais prevalente nas instituições hospitalares a nível internacional". E, nesse sentido, é com alguma satisfação que os esforços redobrados por esta Comissão vão apresentando bons resultados.


Alguns dos elementos da equipa responsável pelos bons resultados que têm vindo a ser obtidos no controlo da infeção no CHUP

Este grupo de trabalho integra dois internistas, um infeciologista, três enfermeiros com formação na área e um assistente técnico.

Faz ainda parte um núcleo consultivo que intervém em  áreas mais específicas, de acordo com objetivos estabelecidos nos planos de atividades ou face a problemas pontuais. Este grupo integra um microbiologista, dois intensivistas, dois cirurgiões, uma pediatra, uma neonatologista e uma farmacêutica.

"Uma área de crescente importância"

Na opinião de Júlio Oliveira, não há qualquer dúvida. “Esta é uma área de crescente importância, principalmente com a emergência das estirpes multirresistentes, que vêm pôr em causa a segurança de determinadas intervenções ou tratamentos cuja eficácia era dada como adquirida". E dá alguns exemplos concretos:

"Sem antibióticos eficazes, pode ser colocada em questão a sustentabilidade de investimentos na grande cirurgia abdominal, intensivismo, neonatologia, transplantação, Oncologia, doenças imunológicas e reumatológicas, enfim, situações clínicas que comportam maior suscetibilidade a infeções. Teme-se por um desastroso impacto civilizacional.”



Júlio Oliveira destaca que os internistas, "pela centralidade que têm no hospital", acabam por estar mais próximos de todos os aspetos do funcionamento da instituição, convivem com as diferentes sensibilidades dos diversos grupos de trabalho, clínicos e não clínicos. Uma realidade que permite "uma articulação muito melhor na instituição dos programas de prevenção da infeção".

"Redução significativa da infeção no CHUP"

Segundo o nosso interlocutor, "tem havido uma redução da prevalência da infeção bastante significativa no CHUP", tendo diminuído, nos últimos dois anos, de 12 para 8,9%.

Há, no entanto, ocorrências que surgem inesperadamente, como o surto de sarampo vivido em março de 2018, que “obrigam a um estado de alerta permanente e a respostas imediatas, que exigem da Comissão uma atividade muito intensa”.

Ernestina Reis, 59 anos, está à frente do Programa de Apoio à Prescrição Antimicrobiana (PAPA) da Comissão de Controlo de Infeção (CCI) desde 2015. A internista explica que os bons resultados que têm existido em relação à redução de consumo de antimicrobianos também refletem a melhoria de resultados da infeção hospitalar.

A médica refere que se esperaria da CCI um apoio a toda a prescrição de antimicrobianos no hospital, o que não tem sido possível. “Neste momento, estamos a fazer uma vigilância e validação a toda a prescrição dos carbapenemos, de acordo com o que está definido na legislação para o PAPA, em termos hospitalares”, revela.

Também foram realizadas auditorias à prescrição antimicrobiana nos serviços mais relevantes, com implementação de estratégias e de medidas de melhoria.


Júlio Oliveira e Ernestina Reis

"A formação de profissionais e a elaboração de recomendações institucionais são fundamentais no desenvolvimento do PAPA", refere a especialista de Medicina Interna, acrescentando que, sempre que solicitada, "a CCI colabora na discussão e decisão da terapêutica antimicrobiana".

Até esta fase, o alvo têm sido os médicos, mas em 2019 o objetivo é a formação de enfermeiros. Um propósito que está alinhado com as orientações do ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control), conforme explica Ernestina Reis:

"Estes profissionais podem contribuir para monitorizar a sua administração, avaliar a disponibilidade da via oral, adequar a duração e vigiar efeitos adversos, ou seja, são elementos essenciais da equipa para a melhoria do uso de antimicrobianos."



O artigo pode ser lido na revista LIVE Medicina Interna de maio, no âmbito de uma reportagem sobre as diversas valências do Serviço de Medicina Interna do CHUP.

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