«Hiperatividade no adulto com tendência para aumentar»

"É frequente os pais só se consciencializam da sua hiperatividade quando os filhos são diagnosticados com essa perturbação e começam a ser tratados", afirma Paulo Pessanha, copresidente das VI Jornadas Multidisciplinares de MGF, evento que se realiza dentro de dias, no Porto, e onde se vai abordar o tema.

Em declarações à Just News, o médico afirma que o fenómeno da hiperatividade no adulto “é um conceito relativamente novo, apresentando uma tendência para a aumentar de modo significativo”.

E porquê? “Muito pela percentagem elevada de hiperatividade nas crianças. O estilo de vida atual é uma das causas que concorre para a hiperatividade nos mais pequenos e o facto é que as crianças de agora serão os adultos do futuro!”

Paulo Pessanha
 
Nem tudo é hiperatividade

O especialista em Medicina Geral e Familiar (MGF) reconhece que “os médicos estão muito mais atentos a este problema” e que as próprias pessoas “mostram estar mais informadas”. No entanto, sublinha que "nem tudo o que é considerado hiperatividade o é realmente e o diagnóstico deverá ser feito de forma criteriosa”.

A dependência que as crianças apresentam – “de forma bastante preocupante”, no entender de Paulo Pessanha – relativamente aos videojogos e às redes sociais justifica que o assunto seja abordado pelo pedopsiquiatra João Guerra, a abrir a sessão sobre o tema.

E aproveita para citar um artigo científico publicado recentemente no New England Journal of Medicine, cujas conclusões demonstram que a dependência excessiva de videojogos pode prejudicar seriamente a audição nas crianças deles dependentes:

“Estão sujeitos a sofrer perturbações ao nível não só da audição, mas também, por exemplo, da visão e do sono, daí resultando consequências em termos de resultados escolares, sendo que essas situações concorrem depois para uma vida desestruturada, afetando a própria família no seu todo.”

Como diz Paulo Pessanha, em jeito de conclusão, “todos estes são temas da nossa clínica diária. A sessão sobre Saúde Mental irá ser seguramente muito interessante, pela pertinência dos temas, a qualidade dos participantes e o modo interativo e prático com que será conduzida”.