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Gestão adequada da doença: Multidisciplinaridade profissional é de «extrema relevância»

 “Adesão terapêutica: visão e abordagem multidisciplinar” foi o tema do 1.º Encontro da Associação Portuguesa das Ciências da Saúde e do Comportamento (APCSC). A escolha foi feita com base na “extrema relevância” da multidisciplinaridade para os bons resultados de saúde em geral.

“Esta primeira reunião vai de encontro àquele que é um dos objetivos principais da APCSC: desenvolver ações de divulgação científica de temas transversais às diferentes valências profissionais, no âmbito das Ciências da Saúde e do Comportamento”, afirmou Maria João Figueiras, presidente daquela Associação e membro da Comissão Organizadora do evento.

Em declarações à Just News, esclareceu que a adesão terapêutica é um processo que implica uma articulação das diferentes perspetivas, ou seja, das várias áreas profissionais, pelo que a questão da visão e da abordagem multidisciplinar é “completamente relevante”, sobretudo ao falarmos em doença crónica, uma vez que o doente tem de aprender a fazer uma gestão adequada da mesma.

“Por exemplo, no caso da pessoa com diabetes, esta adesão envolve um esforço conjunto, não só do médico, mas também do psicólogo, do enfermeiro, do nutricionista e do farmacêutico, entre outros, uma vez que há uma série de questões relacionadas com os cuidados a ter no que respeita à gestão e ao controlo da doença e, ainda, às consequências que a mesma pode ter”, esclarece.



Maria João Figueiras, que é professora de Psicologia no Instituto Piaget e na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, lembra que, segundo a visão tradicional, “adesão terapêutica significa que o doente faz o que o médico lhe indica”.

Contudo, atualmente, é sabido que este processo não acontece dessa forma e que existe todo um conjunto de fatores que têm de ser especificamente geridos e trabalhados por outros profissionais de saúde, sendo que “estes contribuem para que a pessoa se sinta mais confiante, com maior autoeficácia e autonomia, podendo resultar, posteriormente, num maior bem-estar e qualidade de vida”.

O 1.º Encontro da APCSC teve cerca de uma centena de participantes, entre médicos de várias especialidades, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas e técnicos de diagnóstico, entre outros. De acordo com Maria João Figueiras, o debate “correu muito bem”, quer em termos de dinâmica, quer de conteúdos.

Quanto à presença dos convidados estrangeiros -- John Weinman, professor de Psicologia Aplicada à Medicina, e Rob Horne, professor de Medicina Comportamental --, “o seu contributo foi muito interessante e enriqueceu bastante o encontro”.


Tânia Gaspar (secretária do Conselho de Administração da APCSC), Maria Céu Machado, Maria João Figueiras e Luis Lança (vice-presidente da ESTeSL).

No entender de Maria João Figueiras, no final da reunião, ficou a ideia de que “há muito potencial para investir”, no que respeita ao que podem ser as sinergias entre os profissionais de saúde das várias áreas. É importante conseguir identificar pontos de convergência, dos quais podem resultar sinergias relevantes para a prática clínica e de investigação, assim como perceber as oportunidades de formação dos profissionais das diferentes valências”.

Também Maria do Céu Machado, vice-presidente da APCSC e membro da Comissão Organizadora do Encontro, faz referência à importância de se abordar esta temática, mencionando que “a adesão terapêutica é o paradigma da multidisciplinaridade”. “É trabalho de todos e para todos”, salienta.

No entender da também vice-presidente do Conselho Nacional de Saúde, diretora do Departamento de Pediatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte e professora de Pediatria da FMUL, esta 1.ª edição do evento decorreu “de forma excelente”, para uma associação que está agora a dar os primeiros passos.

“Todas as mesas tiveram profissionais de várias áreas, que discutiram em conjunto a adesão terapêutica. A nível geral, foi muito bom, tal como as palestras dos colegas ingleses”, refere.



Maria do Céu Machado conta que a APCSC foi criada há cerca de um ano, tomando como exemplo a associação mundial existente e a partir de uma nacional semelhante, que estava sem direção.

“Num tempo em que tanto se fala de multidisciplinaridade e de trabalho em equipa, procurou-se criar uma associação com os profissionais de saúde de todas as áreas: médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos técnicos de diagnóstico e tratamento, de modo a que possa haver discussão de temas transversais entre todos”, nota, considerando ser esta a única forma de gerir a doença crónica, cada vez mais frequente em Portugal, devido ao envelhecimento e à queda da mortalidade.”

Pretende-se, segundo Maria do Céu Machado, que a Associação Portuguesa das Ciências da Saúde e do Comportamento sirva para promover “a troca de experiências e de opiniões interprofissionais”.


Robe Horne, John Weinman, Tânia Gaspar, Maria Céu Machado e Maria João Figueiras. 






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