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Dar capacidade de escolha a doentes mentais graves exige «equilíbrio ético» dos profissionais de saúde

Para se conseguir evitar uma atitude paternalista face aos doentes mentais mais graves, permitindo que eles próprios e as suas famílias sejam envolvidos no processo de tomada de decisões, é necessário "um grande equilíbrio ético", afirma Pedro Varandas, diretor clínico da Casa de Saúde da Idanha (CSI) das Irmãs Hospitaleiras.

O psiquiatra foi uma das presenças na mesa da sessão de abertura do 5.º Seminário de Ética da CSI, subordinado ao tema “Capacidade de escolha – responsabilidade: a decisão nas pessoas com doença mental”, que decorreu na Casa de Saúde da Idanha.



Pedro Varandas relembrou que a forma como se tratam os doentes mentais mudou muito ao longo dos anos: “A sua vida dependia das instituições, era-se puramente paternalista, ao contrário do que já acontece hoje em dia, quando se tenta envolver os próprios e as suas famílias, inclusive em decisões terapêuticas.”

Para o diretor clínico da CSI, este paradigma exige grande equilíbrio por parte dos profissionais de saúde: “Os doentes mentais mais graves não têm consciência plena da sua condição e, por vezes, recusam que tenham um problema de saúde, logo é preciso analisar caso a caso, antes de se conferir determinadas responsabilidades.”

O especialista, que assume atualmente a vice-presidência da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), referiu mesmo que esta questão exige “uma profunda reflexão” por parte de todos os que trabalham em Psiquiatria e Saúde Mental.


Pedro Varandas, Paula Carneiro e Luís Leão Miranda.

Na mesma mesa estava Luís Leão Miranda, presidente da Comissão de Ética da CSI. O responsável referiu que a capacidade de escolha nesta área da saúde é uma questão delicada, “que envolve muitas particularidades”.

Para aquele psiquiatra, é preciso existir pareceres bioéticos que ajudem os técnicos – médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros – a tomar decisões. Nesse sentido, informou que a Comissão de Ética da CSI, que se encontra numa fase embrionária, vai apresentar um plano de atividades no início do ano. “Estamos a iniciar o nosso trabalho, mas vão poder contar com o nosso apoio já em 2017”, disse.

Também presente esteve Paula Carneiro, membro da Direção das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, que salientou a importância de se “encontrar um equilíbrio ético entre o princípio da beneficência e o respeito pela autonomia, motivando sempre a pessoa a assumir os seus próprios limites, não deixando de apoiar a sua autodeterminação”.



Além dos vários especialistas que participaram no evento, os familiares de pessoas com doença mental estiveram representados por Joaquina Castelão, presidente da FamiliarMente - Federação Portuguesa das Associações de Famílias de Pessoas com Experiência de Doença Mental.








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