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Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) celebra 90 anos

Foi em 1926, quando os pobres morriam por falta de insulina, que Ernesto Roma fundou a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres, atual Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), presidida por Luís Gardete Correia.  

Começava assim uma longa vida de uma entidade que passou a prestar cuidados multidisciplinares na área da Diabetologia sempre a pensar na qualidade e na autonomia das pessoas portadoras de diabetes. Hoje em dia, é reconhecida a nível nacional e internacional, não só como a primeira associação de diabetes do mundo, mas também como um caso de estudo a replicar em qualquer país.

Tratamento e educação


O médico Ernesto Roma partiu para os EUA para fazer uma formação em Ética, mal sabendo que ia iniciar a sua missão mais importante: permitir aos portugueses pobres com diabetes terem acesso à única terapêutica existente à época, a insulina.

A partir daí, criou a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres – atual Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) –, com dois pilares fundamentais: tratamento e educação. Assim nasceu a primeira associação para diabéticos do mundo, que desde os primeiros tempos se destacou, a nível nacional e internacional.

Atualmente, o mérito mantém-se, apesar de ter de enfrentar as dificuldades financeiras próprias de uma IPSS sem fins lucrativos, como refere o presidente Luís Gardete Correia. Pioneira na visão da importância da relação entre terapêutica e educação para a saúde, foi-o também na formação de uma equipa multidisciplinar.



“Todas as entidades da saúde, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhecem que a pluridisciplinaridade é o segredo para se gerir, da melhor forma, as doenças crónicas”, sublinha o diretor clínico da APDP, João Filipe Raposo.

Abordagem multidisciplinar reconhecida a nível mundial


A APDP atualmente, acompanha várias centenas de pessoas. “Somos a instituição que recebe os casos mais graves, com 40% dos utentes a serem tratados com insulina”, afirma Luís Gardete Correia. Já não estando na Rua Augusta, mas mantendo-se no centro de Lisboa, tem uma equipa multidisciplinar que dá resposta às mais variadas situações.

“A APDP é, desde 2009, o único centro nacional reconhecido pela Federação Internacional de Diabetes como Centro de Educação da Federação Internacional da Diabetes (IDF) e, desde 2011, a nível europeu, é também reconhecida como clínica de referência no tratamento de crianças e jovens (Centre of Reference for Pediatric Diabetes).”



Decana das associações de diabetes a nível mundial, é federada na IDF e reconhecida “especialmente pela abordagem integrada multidisciplinar à pessoa com diabetes”, segundo o diretor clínico. João Filipe Raposo destaca a importância de se trabalhar desta forma: “Só assim se consegue ter uma visão mais global da pessoa com diabetes, como se pode agir de forma articulada, para que esta possa ter melhor qualidade de vida e mais autonomia”.

E acrescenta: “É uma vantagem muito grande ter-se, no mesmo espaço físico, várias especialidades médicas. Numa primeira abordagem, a pessoa é vista pelas diferentes valências, sem ter de andar perdida de um lado para o outro.”

Não se trata apenas de disponibilizar aos utentes toda a clínica de que necessitam, mas também se aposta noutras vertentes. “É o caso da social e da associativa, ao defender os direitos das pessoas com diabetes e participando em estruturas nacionais (Programa Nacional da Diabetes, Sociedade Portuguesa de Diabetologia, União das IPSS, FIADC, CNIS) e internacionais (IDF, Associação Europeia para o Estudo da Diabetes-EASD, SWEET, IMAGE, EURADIA).”

Outras são, segundo o diretor clínico, as vertentes formativa e de investigação. “Através da realização de cursos de formação para pessoas com diabetes e para os diferentes profissionais de saúde na APDP, na Escola da Diabetes ou noutros locais; e promovendo o desenvolvimento de estudos de investigação científica básica, clínica e epidemiológica na área da diabetes, apoiada em acordos e protocolos com instituições científicas, universitárias, clínicas e redes internacionais.”

Ao fim de 90 anos, tanto João Filipe Raposo como Luís Gardete Correia fazem um balanço positivo da APDP, apesar das dificuldades sentidas. “Somos reconhecidos a nível nacional e internacional, contribuímos para a melhoria da qualidade de vida dos utentes, formamos profissionais. O caminho que se nos apresenta é difícil e as dificuldades que se nos apresentam são enormes e podem comprometer alguns dos nossos objetivos."

Contudo, "desistir nem pensar". A vontade dos atuais profissionais da APDP é continuar o trabalho começado pelo “visionário” Ernesto Roma, que, em 1926, trouxe a vida e a esperança a muitos pobres que não tinham acesso à insulina.




De forma a prestar homenagem ao trabalho desenvolvido pela APDP e pelos seus profissionais, a Just News publica, na atual edição do Jornal Médico, um Suplemento dedicado inteiramente aos 90 anos da Associação, e que conta com a colaboração de mais de duas dezenas de especialistas e de personalidades, da APDP, mas não só. O Suplemento dá a conhecer várias das vertentes da Associação e o seu real impacto na sociedade, ajudando a compreender porque razão a APDP é considerado um caso de estudo a replicar em qualquer país.


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