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A gestão integrada da doença crónica "tem de ser realidade"

Maria do Céu Machado, diretora clínica do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) há cerca de um ano, adianta, em entrevista ao Jornal Médico, quais são os principais objetivos e dificuldades com que se tem deparado, afirmando que o ideal seria haver uma gestão integrada do doente e uma articulação entre os cuidados de saúde primários, os hospitalares e os continuados.

"A gestão integrada da doença crónica, cada vez mais prevalente, tem de ser realidade. Para além da articulação entre os CSP, os hospitalares e os continuados, é urgente a organização intra-hospitalar." salienta Maria do Céu Machado, e explica: "Ou seja, perante um doente que necessite ser observado por vários especialistas, devia haver uma organização e um gestor do doente, de forma a conseguir que vá à consulta de manhã no hospital, faça os exames e, à tarde, volte a ser observado pelo especialista da sua doença, de uma forma integrada, já com todos os resultados e a opinião dos médicos de outras especialidades." Contudo, tal não é a realidade, "o que é sinónimo de desperdício", devido, por exemplo, à repetição de exames e de consultas.

A diretora clínica do CHLN destaca a importância decisiva da literacia em saúde: "O que diz a literatura relativamente ao doente crónico é que cerca de 85% das situações podem ser resolvidas em autogestão, se o doente tiver literacia, isto é, se tiver informação e conhecimento da sua doença, dos sinais de agudização ou descompensação e cumprir os preceitos da adesão terapêutica."

E acrescenta: "Dos restantes 25%, apenas 10 ou 15% necessitam de cuidados hospitalares e 5% de cuidados sofisticados. Logo, grande parte do seguimento destes doentes deve ser feita nos CSP, sem necessidade de cuidados hospitalares. Contudo, não é isso que acontece. O doente entra no hospital e nunca mais sai."

Ao longo da entrevista, além de aprofundar a questão da gestão integrada do doente, são abordados, entre outros temas, os constrangimentos de prescrição e as medidas tomadas para garantir a qualidade do tratamento dos doentes e o seu custo-benefício, a criação das USF e a afluência de utentes às urgências hospitalares, o caminho ideal para o desenvolvimento da articulação entre os CSP e os hospitalares, a fusão que ocorreu de alguns serviços, a criação de estruturas, como o Centro de Responsabilidade Integrada, que funciona por patologia, a elaboração de um novo regulamento que "privilegia a departamentação como um órgão de gestão intermédia".


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