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É preciso prevenir o AVC na mulher desde a gravidez

Quando o AVC acontece na mulher grávida, é possível realizar-se determinados exames e tratamentos, sem se pôr em risco mãe e filho, lembrou Patrícia Canhão, neurologista do Hospital de Santa Maria (CHLN), ao intervir no 9.º Congresso Português do AVC. A hipertensão induzida pela gravidez é, segundo aquela especialista, um dos principais fatores de risco.

No evento, que teve lugar no Porto, Patrícia Canhão relembrou que “o AVC na grávida é raro, acontece sobretudo no último trimestre de gravidez e pode levar à morte da mãe, do feto ou a parto prematuro”. O problema pode também surgir após o parto. “Há mulheres que vão para casa e ao fim de uns dias podem ter um AVC.”

Os fatores de risco são, essencialmente, a pré-eclampsia, a eclampsia, a hipertensão induzida pela gestação e a cesariana. O tipo de AVC também não costuma ser o mais habitual, existindo a embolia do líquido amniótico e a trombose venosa cerebral.

Algumas destas situações podem não apresentar uma sintomatologia “aparatosa”, logo, se existirem suspeitas de um possível AVC, é melhor realizar-se uma TAC ou uma ressonância magnética. “Há muito receio relativamente às radiações, mesmo entre profissionais de saúde, mas a TAC, no terceiro trimestre, não transmite muita radiação, existindo proteção abdominal, e a ressonância é inócua.”

Quanto aos tratamentos, existem alguns anti-hipertensores que são seguros, assim como a heparina de baixo peso molecular e uma dose muito baixa de aspirina.



No Congresso Português do AVC, falou-se ainda das diferenças biológicas que fazem com que “as mulheres estejam mais propensas a sofrer um AVC”, como referiu Valeria Caso, da Unidade de AVC da Universidade de Peruggia, Itália, e presidente eleita da European Stroke Organization (ESO). A especialista alertou para os “sintomas não tradicionais de AVC na mulher”, como derrames, desorientação, confusão mental ou perda de consciência.

Carla Ferreira, responsável pela Unidade de AVC do Hospital de Braga, argumentou que é preciso apostar na prevenção, tendo em conta as especificidades do sexo feminino. As mulheres tomam anticontracetivos orais, fazem terapia hormonal de substituição, na gravidez podem ter hipertensão, pré-eclampsia ou eclampsia. “Logo, o melhor é não fumar quando se toma a pílula, evitar mesmo este contracetivo perante casos não controlados de obesidade, hipertensão, dislipidemia ou quando há historial familiar.”

A responsável alertou ainda para a importância dos obstetras na prevenção de fatores de risco na gravidez, “como forma de evitar o AVC mais tarde”.




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